quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Happy Xmas (War Is Over) / John Lennon - Vamos celebrar a paz.Pra mim, pra você, todo tipo de guerra acabou!


Olá!!!!
Quem que tenha boa memória doa anos 80 não se lembra da canção Happy Xmas (War Is Over)?
Pois é, a música composta por John Lenon e Yoko estourou naquele ano e atingiu o primeiro lugar nas paradas de sucesso.Provavelmente porque também foi neste mesmo ano que, bem próximo ao Natal, exatamente em 08 de dezembro para ser mais precisa, o autor e intérprete da música morria a caminho do hospital após levar quatro tiros de um fã alucinado, o segurança desempregado Marck Chapman.Tiro dado após o assassino o chamar pelo nome quando este entrava no prédio onde morava.Jonh Lennon não teve tempo nem mesmo de se virar para ver quem o chamava.Sua morte causou extrema comoção mundial devido a circunstância violenta e motivo torpe pela qual se deu.E talvez por ter acontecido tão perto do Natal e a letra da música falar justamente sobre promover a paz em um mundo cansado de guerra, tenha ficado tão conhecida e se eternizado como hino de todos os natais.
O que pouca gente sabe é que John e Yoko compuseram esta música em julho de 1971,durante a sangrenta guerra do Vietnã e muito antes do Natal.Sua intenção era que a gravadora lançasse a música a tempo das pessoas conhecerem a letra, entenderem a letra, abraçarem a causa da letra e tentarem fazer alguma coisa pela proclamação da paz em meio aquele turbulento e triste período de guerra.
Ele consguiu que a música fosse lançada mas não teve a publicidade que ele desejava e que a música merecia. Falar de guerra dava mais ibópe do que clamar pela paz...A música não emplacou e caiu no esquecimento.A guerra acabou e o próprio John já não militava mais tanto por causas sociais quando finalmente o mundo se lembrou dela no ano de sua morte.Ao contrário, naquele ano ele estava mais voltado para a quietude da vida familiar e o disco que estava trabalhando não trazia nenhum apelo as causas sociais que deixaram de cabelo em pé por anos o governo americano, que até o FBI mobilizou em investigações contra ele por comprar tamanha briga em favor da paz e da igualdade entre os homens.Talvez já tivesse cansado de ser a pedra no sapato dos EUA por ser uma pessoa tão influente, querida e formadora de opiniões. Sua posição contrária as guerras ganhava força a cada ano, o que levou o governo a pedir sua deportação e de sua esposa por várias vezes alegando má influência, deportação esta que não ocorreu.Por fim, em 1975 John lançou a música "Fame" em parceria com David Bower que alcançou o primeiro lugar nas paradas de sucesso.Depois disso, após anos perseguindo o músico, o governo americano desistiu de deportá-los e John se tornou uma espécie de "cartão postal de Nova York", tamanha sua popularidade.
O complemento entre parênteses War Is Over, traduzindo:A guerra acabou! deixava claro que é sim possível se ter um feliz Natal e uma ano novo inteiro de coisas boas, se você acreditar que proclamar a paz tem que ser mais importante do que se lembrar da guerra...e fazer acontecer.
Valeu a pena toda a militância dele em favor da igualdade, da paz, da justiça...
Valeu a pena a letra da música ter ficado esquecida por tantos anos, sendo necessário que sua morte, tão injusta a trouxesse de volta...
Valeu a pena John!Valeu a pena!
Happy Xmas(War Is Over) é um ícone nas festividades de fim-de-ano. Todas as rádios tocam, todos que sabem cantam, todos os que tem um coração justo acreditam na mensagem dela.
Pra vocês amigos, deixo a letra da música, sua tradução e um desejo do fundo do coração de um FELIZ NATAL e UM ANO NOVO melhor!Se você quiser as muitas guerras que enfrentamos podem se tornar pequenas diante da vontade de viver a paz...de se viver em paz.
Super bjú!
Cleide Capitu.



Happy Xmas (War Is Over)
John Lennon
Composição: John Lennon e Yoko Ono

Happy Xmas (War Is Over)
So this is christmas
And what have you done
Another year over
And new one just begun


And so this is christmas
I hope you have fun
The near and the dear one
The older and the young


A very merry christmas
And a happy new year
Let's hope it's a good one
Without any fear


And so this is christmas (war is over...)
For weak and for strong (...if you want it)
The rich and the poor one
The world is so wrong


And so happy christmas
For black and for white
For the yellow and red one
Let's stop all the fight


A very merry christmas
And a happy new year
Lets hope it's a good one
Without any fear


And so this is christmas
And what have we done
Another year over
And new one just begun...


And so happy christmas
We hope you have fun
The near and the dear one
The older and the young


A very merry christmas
And a happy new year
Let's hope it's a good one
Without any fear


War is over - if you want it
War is over - if you want it
War is over - if you want it
War is over - if you want it
Feliz Natal (A Guerra Acabou)
Então é natal
E o que você tem feito?
Um outro ano se foi
E um novo apenas começa


E então é natal
Espero que tenhas alegria
O próximo e querido
O velho e o Jovem


Um alegre Natal
E um feliz ano novo
Vamos esperar que seja um bom ano
Sem sofrimento


E então é natal (e a guerra terminou...)
Para o fraco e para o forte (...se você quiser)
Para o rico e para o pobre
O mundo é tão errado


E, então, feliz natal
Para o negro e para o branco
Para o amarelo e para o vermelho
Vamos parar com todas as lutas


Um alegre Natal
E um feliz ano novo
Vamos esperar que seja um bom ano
Sem sofrimento


E então é Natal
E o que nós fizemos?
Um outro ano se foi
E um novo apenas começa...


E então Feliz Natal
Esperamos que tenhas alegria
O próximo e querido
E velho e o jovem


Um alegre Natal
E um feliz ano novo
Vamos esperar que seja um bom ano
Sem sofrimento


A guerra acabou , se você quiser
A guerra acabou , se você quiser
A guerra acabou , se você quiser
A guerra acabou , se você quiser

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Nossos filhos são emprestados.


Nossos filhos, amtes de serem nossos, já tinham um dono:Eram de Deus e Ele nos cedeu por um motivo especial, para observar o que fazemos com o que é d´Ele e para quem um dia os devolveremos.

Devemos preparar nossos filhos para o mundo.
Torná-los autônomos, libertos, até de nossas ordens.
A partir de certa idade, só valem conselhos.
Especialistas ensinaram-nos a acreditar que só esta postura torna adulto aquele bebê que um dia levamos na barriga.
E a maioria de nós, pais, acredita e tenta fazer isso.
O que não nos impede de sofrer quando fazem escolhas diferentes daquelas que gostaríamos ou quando eles próprios sofrem pelas escolhas que recomendamos.
Então, concluo que filho é um ser que Deus nos emprestou para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem.
Isto mesmo!
Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado.
Perder? Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo!
Então, de quem são nossos filhos?
Eu acredito que são de Deus,(com todo respeito aos ateus, esses certamente acreditam que sãodeles próprios) mas ainda assim não somos donos das suas vidas, porém, um tempo precisaram ser dependentes de nós pais para crescerem, biológica, sociológica, psicológica e emocionalmente.
E o meu sentimento, a minha dedicação, o meu investimento?
Não deveriam retornar em sorrisos, orgulho, netos e amparo na velhice?
Pensar assim é entender os filhos nos devem pagar por terem sido entregues a nós.
Volto para casa ao fim do plantão, início de férias, mais tempo para os fllhos, olho meus pequenos pimpolhos e agradeço a Deus por serem um empréstimo confiados a mim, porque onde eu humanamente falhar, Ele que é divino e verdadeiro dono da vida deles intervém com providência além do entendiento humano!
O único problema disso é que meu coração já é deles...
É a mais concreta realidade.
Só resta a nós, mães e pais, aproveitar todos os momentos possíveis ao lado das nossas 'crias', que mesmo sendo 'emprestadas' são a maior parte de nós !!!
"A vida é breve, mas cabe nela muito mais do que somos capazes de viver”

Cleide Capitu-RJ
Bjú!

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Sakineh Mohammadi Ashtiani - esta mulher está condenada à morte por apedrejamento em pleno século XXI!


Muitas vezes eu custo a creditar que estas atrocidades ainda aconteçam no mundo em pleno século 21!
Sakineh Mohammadi Ashtiani, uma mulher de apenas 43 anos, que certamente ainda tem muitos sonhos não realizados, planos ainda não concretizados, muita coisa para ensinar, muita coisa para aprender, filhos para vislumbrar um futuro, netos para ver nascer, e até, quem sabe, alguns grandes amores para viver, uma vida inteira para viver...teria... se já não tivessem traçado o seu destino: ela vai morrer por apedrejamento.
Que crime tão grave esta mulher cometeu?
Segundo o governo iraniano ela é uma criminosa, uma fora-da-lei imunda e que merece a pena a ela imposta.Isso porque ela teria tido relações ilícitas com dois homens após a morte do seu marido...Peraí, após a morte do marido? Exato. Você não entendeu errado e como eu deve estar pensando: então não houve crime algum!Nem de adultério uma vez que a mesma já se encontrava em estado de viuvez...é... mas infelizmente alguns homens de cabeças muito retógradas, ou que se consideram corretos demais para conviverem com o que consideram erros alheios, ou simplesmente se acham acima do bem e do mal para decidirem sobre a vida e a morte dos outros, não pensam desta maneira. Para estes homens, para o governo do Irã, esta mulher merece ser enterrada viva até o pescoço e após isto ser humilhada por todos os presentes recebendo imensas pedradas em sua cabeça até que morra.
Penso o que motivaria tamanha crueldade em uma execução?...
Demonstração de poder?
De autoridade?
De força?
Manuntenção da ordem pública?
Em nome da religião?
Ignorância?
Talvez a última alternativa seja a única que se encaixe no contexto, pois nada, absolutamente nada justifica humilhar intensamente e matar uma pessoa a pedradas sem que ela tenha ferido, molestado, prejudicado a alguém de alguma forma a não ser a ela mesma.
Algumas pessoas tem tanta necessidade de demonstrar poder sobre as outras que me assusta!
Em busca disso passam por cima de sentimentos, de valores, de vidas.Tomam o lugar de Deus, se fazem juízes a seu bel prazer.Julgam, oprimem, humilham, matam.
Estou aqui do outro lado do mundo. Muito distante do país onde esta mulher está presa desde maio de 2006 aguardando que se cumpra sua sentença. Muito distante do apelo do nosso atual Presidente Luis Inácio Lula da Silva, que mesmo sendo chamado pelo governo Iraniano de emotivo e desinformado ousou interceder por ela e oferecer asilo político no Brasil.Muito distante dos filhos dela que mobilizam o mundo inteiro clamando pela vida de sua mãe. Porém não me sinto distante o suficiente deste caso para deixá-lo passar despercebido por mim...Não posso fingir que não ouvi falar dele, que não tomei conhecimento.
O mínimo que eu poderia fazer era demonstrar todo o asco que essa falta de respeito à vida alheia me causa.Me juntar a dor desta mulher e da família dela da maneira que está ao meu calcance fazer. Divulgar, informar, acompanhar e torcer para que o desfecho dessa história não seja tão triste como tem caminhado até agora. Que o valor da vida vença a intolerância, a ignorância, a prepotência, a religiosidade, a ganância por poder.
Posso parecer uma gotinha no oceano mas ainda faço parte da grandiosidade dele e se fico de fora, sou uma gotinha a menos...
Certa vez li uma frase de Gabriel Garcia que me impactou muito. A frase dizia>:"Um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se."
Espero que esta frase cause em você o mesmo efeito que causou em mim.
Espero que ter tomado conhecimento do drama desta mulher cause em você o mesmo efeito que causou em mim.
Espero que isso tudo um dia acabe.
Espero...
Espero...
Espero...
Bjú!

Capitu.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Toda forma de intolerância é burra...


Alexandre Thomé Ivo Rajão 1996 – 2010

Amados,
Esta postagem é quase um desabafo!
Quem não acompanhou estarrecido o assassinato do jovem Alexandre Rajão, de apens 14 anos, nos últimos dias? Não só pela ampla divulgação da mídia sobre o caso mas pelo motivo torpe que motivou tamanha covardia:a intolerância.
O que não deveria ser tolerado pela sociedade é que crimes tão brutais como este caiam no esquecimento e que as pessoas se achem no direito de perseguir, humilhar, violentar fisica e moralmente, matar e muitas outras atrocidades em nome de uma convicção doentia, convicção de que as escolhas dos outros os tornam menores, inferiores, não merecedores de respeito, sem direito a vida.
Recebi a cópia da reportagem de uma amiga comentada por um cidadão anônimo que ousou expressar alí toda sua indignação.Lendo-a moveu-se todo o meu íntimo.Quase pude sentir a mesma dor que a mãe deste jovem com certeza está sentindo...Pude sentir a mesma dor do desreipeito a vida do outro que aquele anônimo descreveu.
Tb sou mãe de um jovem apenas um ano mais velho que Alexandre Rajão.Meu filho ama futebol.Seria justo que alguém que não concordasse com o seu gosto resolvesse perseguí-lo por isto?
Ao longo dos anos temos visto inúmeros casos de pessoas perseguidas por suas escolhas pessoais e até por coisas que independem das suas escolhas, mas condições em que nasceram e não tem o poder de mudar, tipo a cor da sua pele, por exemplo.
Pessoas são perseguidas, humilhadas, ultrajadas por serem negras, brancas, índias ou outra cor ou raça, como se fossem menos seres humanos que as outras por causa disso.
A quem foi dado o direito de dizer que esta ou aquela cor ou raça é superior ou inferior?
Acaso, desfazendo-se a embalagem o contúdo não é tudo igual?
Nossos órgãos internos não são todos exatamente iguais?Não tem todos a mesma função dentro do organismo?
Pessoas são perseguidas por escolherem uma religião e segui-la.
Não somos obrigados a concordar com a escolha religiosa do outro mas temos o dever cristão de respeitar essa escolha.
Acredito sim que neste caso, em se falando de religião, haverá um dia do grande julgamento, onde compareceremos todos ao tribunal de Deus, o justo juiz e diante d´Ele nos responsabilizaremos por nossos atos e escolhas feitas aqui na terra.Mas o que contece é que alguns resolveram tomar o lugar de Deus como juiz nisso e já estabelereceram este juízo aqui embaixo mesmo.Julgam, excluem, humilham, escarnecem do outro como se estes tb não fossem imagem e semelhança deste mesmo Deus do qual se dizem servos e obedientes mas que nem de longe suas atitudes lembram o amor incondicional que Ele pregou.
Pessoas são excluídas e humilhadas todos os dias por sua condição social.Estas muitas vezes determinam onde se pode ou não pode entrar.Dividem sociedade, formam guetos.
Pessoas são ridicularizadas por sua opção (ou condição) sexual.Desreipeitadas, perseguidas, como se esta opção estivesse acima de todo o conjunto que forma o seu ser.Seja ele cidadão de bem, honesto, trabalhador...não importa.Parece que tudo de bom que ele tenha a oferecer a sociedade enquanto cidadão e participante dela perde o valor pelo simples fato da sua orientação sexual não ser a mesma de todos.
Basta de intolerância!
Basta de desrepeito!
Talvez este grito seja solitário mas se alguém gritar junto já não estarei só.
Abaixo segue uma cópia da reportagem.
Divulgue, ore, concientize,passe a diante, faça o que estiver ao seu alcance mas não seja indiferente.A normose contamina e precisamos reagir.
Bjú!

Capitu.

alexandre thomé ivo rajão 1996 – 2010
O grito extravasou em euforia, alegria e celebração! Gol! Alexandre e amigos comemoravam a vitória do Brasil no jogo contra a Costa do Marfim pela Copa do Mundo da África do Sul, como muitos outros garotos de 14 anos faziam em São Gonçalo e no país inteiro após aquele jogo. Diferente da maioria desses jovens, no entanto, Alê era… Alê era um bom aluno na escola, um adolescente tranquilo e que até participava de atividades em uma igreja, o que nos deixa com uma imagem bem afinada ao que as pessoas entendem como um bom jovem. Ah, Alê também era consciente da necessidade da luta diária contra a homofobia. Isso, convenhamos, é uma qualidade raríssima em garotos de sua idade, e alinha a imagem de Alê a um bom jovem exemplar para muitos gays, sendo ele próprio gay ou não, o que não vem ao caso.

Na ocasião da festa de comemoração, um outro grupo de amigos envolveu-se com o de Alê em uma briga. Alê e seus amigos então foram à 72ª Delegacia de Polícia, em São Gonçalo, para registrar uma queixa por agressão. Eles retornaram à festa após isso, e, por volta das 2:30, Alê esperava um ônibus, no bairro do Mutuá, para voltar para sua casa, quando foi visto vivo pela última vez.

Os fatos são que às 10h da manhã de segunda, dia 21/06/2010, seu corpo foi encontrado em um terreno baldio no Jd. Califórnia, com sinais de espancamento, tortura e estrangulamento, e o IML informou também que sua morte se deu por volta das 4h, o que nos permite concluir que Alexandre sofreu por pelo menos 1 hora e meia nas mãos daqueles que o mataram. Segundo ligações ao disque-denúncia, um veículo branco foi visto no local do sequestro, e segundo amigos de Alê, o mesmo carro teria rondado o cemitério durante o enterro. Os amigos de Alê relatam também que os jovens desse grupo rival pertenciam a um grupo de “skinheads”, com a prática de usar redes sociais para propagar mensagens de intolerância.

Mas isso são os fatos. Esses dados serão matéria de investigações da polícia, e, com alguma esperança, das mídias que tiverem vontade de denunciar esse grave quadro de violência e homofobia. Sim, homofobia, que independe de Alê ser gay, hétero ou bi ou não saber isso ainda, já que o que assombra essa história é a motivação intolerante do crime. Os fatos e dados não racionalizam as lágrimas sentidas da mãe de Alê, que me comoveram no vídeo da reportagem. Eles não dão conta de expressar também a angústia, os olhos cheios de lágrimas e a garganta apertada que me tomaram, por exemplo, quando vi as mensagens dos amigos de Alê no Orkut, ou o texto que ele usava em seu perfil, extraído do discurso de Pedro Bial no BBB 10 pela eliminação do participante Serginho. Esse discurso, aplicado ao jovem Alê, se resignifica e me assassina de dor:

É Peter Pan, a criança que não cresceu e sabe voar. Quer aprender? Quer voar? Pense numa coisa boa, pense numa coisa bem boa. É só pensar em coisa boa que a gente voa. Pense numa coisa bem linda, que você nem viu ainda. Num raio de luar, que você vai voar Peter Pan, sombra na parede da caverna de Capitão Gancho. Travessura? Espectro? Imagem só? Será? Não é possível. É ele… Pan… Está lá? Lá? Ele está? De que lado ele está? É só pensar em coisa boa que a gente voa. Se pensar em coisa ruim? Bom! Pode até chegar ao fim!

terça-feira, 27 de abril de 2010

Metamorfose urbana (Dama da noite)

Olá!
O tema da atualização de nº199 do Anjos de prata foi "Dama da noite".
Achei muito interessante e não tive grandes dificuldades para desenvolver o texto com o tema proposto;em menos de vinte minutos nascia o "Metamorfose urbana", título que escolhi para ele.Já está publicado no site, li os outros textos dos demais escritores e tem muita coisa boa postada dentro desse tema, quem quiser conferir, tenho certeza, vai gostar!
Espero que gostem do trabalho!
Bjú!
Capitu.




METAMORFOSE URBANA.(Dama da noite).

Quem a via chegando no calçadão, trajando um minúsculo pedaço de pano ao qual chamavam de mini-saia, os seios muito pouco cobertos, calçava botas de saltos altíssimos e muitos adereços pelo corpo como enfeite. Nos cabelos um aplique fazia um longo rabo-de-cavalo. Seu perfume, forte e vulgar, se espalhava pelo vento da noite, acompanhando os movimentos quase em câmera lenta do seu corpo no vai-e-vem dos seus passos, os quais faziam balançar suavemente os largos quadris. Usava maquilagem pesada, com cores fortes, chamava a atenção até mesmo de quem passava à distância. Trazia também muito brilho nos minúsculos trajes e espalhados pelo corpo, como se embalsamado com purpurinas. Quem a via chegando com ar de profissional da noite que sabe bem o que está fazendo e o que quer da vida, não imagina que por trás daquela mulher aparentemente vulgar se esconde uma mãe ávida por alimentar os filhos que teve num momento de paixão a dois mas a que agora sozinha sustenta.

Quem a via se dirigindo decidida até os carros que paravam para vê-la e a chamavam para negociar o único produto que possuía para lucrar, seu corpo, não imaginava que em cada passo que dava levava consigo a insegurança do desconhecido, a incerteza do pagamento no final de tudo, o medo de adentrar no automóvel para um destino incerto e do qual não podia precisar se voltava, nem em que tempo.

Quem a via voltando ao calçadão depois do trabalho cumprido, saindo do carro com ar de felicidade, sorrindo e acenando para o desconhecido que a deixava e se ia, não podia imaginar o que havia se passado na sua cabeça nas poucas horas em que cumpria o seu papel profissional. Não podia ter medo, não podia ter nojo, não podia exigir... Seu papel era cumprir o dever de proporcionar prazer aquele que por alguns minutos era como se fosse seu dono, seu amo e senhor. Nada sentia. Seu corpo não respondia a nenhum estímulo e tudo o que aparentemente era puro prazer não passava de encenação. Seus gestos, seus gemidos, suas frases curtas, seus muitos elogios. Tudo ensaiado para uma interpretação perfeita, onde nada podia dar errado. Era o seu trabalho.

Quem a via sentada no calçadão ao final da madrugada, exausta, retirando as botas dos pés, o aplique dos cabelos, os cílios postiços, de cabeça baixa a retirar o dinheiro da minúscula bolsa, não imaginava que metade daquele ganho suado não podia ser seu. Tinha que entregá-lo ao "dono da rua" se quisesse voltar na noite seguinte e garantir um lugar no calçadão. Nem pensasse ela em não fazê-lo!Isso podia lhe custar a vida, melhor não arriscar, seus filhos precisavam dela viva!

E assim, dia já quase amanhecendo, lá estava ela dentro do banheiro, nos fundos de um botequim sujo a começar sua metamorfose urbana. Ali ficavam as vestes, os adereços e a água fria do chuveiro levavam para o ralo a maquilagem e o brilho das purpurinas que faziam brilhar o seu corpo. Olhava-se no espelho enquanto secava os cabelos e a imagem refletida era a de uma mulher de rosto sofrido, de olhos sem brilho que em nada lembrava a dama-da-noite que entrara minutos atrás. Daquele banheiro frio saía uma jovem trajando uma humilde calça jeans, blusinha básica, sandálias rasteiras e os cabelos presos num discreto coque. Antes de sair do bar, cumprimentava sorridente o balconista para o qual dava alguns trocados como pagamento pelo banho tomado nos fundos do local. E lá ia ela cabisbaixa em direção a porta de saída, sem olhar para os primeiros fregueses que já bebiam cedo no lugar.

Horas depois ela podia ser vista saindo do trem. Já era dia claro, o sol brilhando forte. Ela caminhava em direção a padaria onde comprava pão e leite, conversava rapidamente com alguns vizinhos e em passos rápidos se dirigia ao pequeno portãozinho de madeira que dava acesso a uma casa muito humilde, de cômodos pequenos. Ela entrava pela porta da cozinha, sem fazer muito barulho, beijava a mãe que já preparava a mesa do café. Antes de fazer qualquer outra coisa passava no quarto dos filhos que ainda dormiam e os beijava carinhosamente. Só depois, se trocava e os acordava para o café da manhã.

Quem a via agora alegre na mesa junto da sua mãe e dos seus filhos a fazer a primeira refeição do dia, aquela que outrora por muitas vezes tinha sido também sua única refeição, conseguia compreender como é possivel passar por tamanha transformação do dia para a noite em nome da sobrevivência.

E o seu dia assim passava... Pela manhã brincava com os filhos e a tarde, depois de contemplar a comida que pôde colocar na mesa para o almoço e saber que o jantar não faltaria, dormia profundamente para ao final da tarde estar descansada e poder recomeçar... Recomeçar mais uma metamorfose urbana entre a discreta mãe de família e a exuberante dama da noite, que em comum somente tinham em si uma mulher batalhadora... filha... e mãe.

Autor: Capitu-RJ

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Lenda do amor e da loucura.

Amor & Loucura

"Contam que uma vez se reuniram todos os sentimentos e qualidades dos homens em um lugar da terra. Quando o ABORRECIMENTO havia reclamado pela terceira vez, a LOUCURA, como sempre tão louca, lhes propôs:

- Vamos brincar de esconde-esconde?

A INTRIGA levantou a sobrancelha intrigada e a CURIOSIDADE sem poder conter-se perguntou:

- Esconde-esconde? Como é isso?

- É um jogo, explicou a LOUCURA, em que eu fecho os olhos e começo a contar de um a um milhão enquanto vocês se escondem, e quando eu tiver terminado de contar, o primeiro de vocês que eu encontrar ocupará meu lugar para continuar o jogo.

O ENTUSIASMO dançou seguido pela EUFORIA.

A ALEGRIA deu tantos saltos que acabou pôr convencer a DÚVIDA e até mesmo a APATIA, que nunca se interessavam pôr nada. Mas nem todos quiseram participar.

A VERDADE preferiu não esconder-se. "Para que, se no final todos me encontram?

A SOBERBA opinou que era um jogo muito tonto (no fundo o que a incomodava era que a idéia não tivesse sido dela).

A COVARDIA preferiu não arriscar-se. - Um, dois, três, quatro... - começou a contar a LOUCURA.

A primeira a esconder-se foi a PRESSA, que como sempre caiu atrás da primeira pedra do caminho.

A FÉ subiu ao céu e a INVEJA se escondeu atrás da sombra do TRIUNFO, que com seu próprio esforço tinha conseguido subir na copa da árvore mais alta.

A GENEROSIDADE quase não consegue esconder-se, pois cada local que encontrava, lhe parecia maravilhoso para algum de seus amigos. Se era um lago cristalino, ideal para a BELEZA. Se era a copa de uma árvore, perfeito para a TIMIDEZ. Se era o voo de uma borboleta, o melhor para a VOLÚPIA. Se era uma rajada de vento, magnífico para a LIBERDADE. E assim acabou escondendo-se em um raio de sol.

O EGOÍSMO, ao contrário, encontrou um local muito bom desde o início. Ventilado, cómodo, mas apenas para ele. A MENTIRA escondeu-se no fundo do oceano (mentira, na realidade, escondeu-se atrás do arco-íris). E a PAIXÃO e o DESEJO, no centro dos vulcões.

O ESQUECIMENTO, não recordo-me onde escondeu-se, mas isso não é o mais importante.

Quando a LOUCURA estava lá pelo 999.999, o AMOR ainda não havia encontrado um local para esconder-se, pois todos já estavam ocupados, até que encontrou uma roseira e, carinhosamente, decidiu esconder-se entre suas flores.

A primeira a aparecer foi a PRESSA, apenas a três passos de uma pedra.

Depois, escutou-se a FÉ discutindo com Deus, no céu, sobre zoologia.

Sentiu-se vibrar a PAIXÃO e o DESEJO nos vulcões.

Em um descuido, a LOUCURA encontrou a INVEJA e claro, pôde deduzir onde estava o TRIUNFO. O EGOÍSMO, não teve nem que procurá-lo: ele sozinho saiu disparado de seu esconderijo, que na verdade era um ninho de vespas.

De tanto caminhar, a LOUCURA sentiu sede e ao aproximar-se de um lago, descobriu a BELEZA. A DÚVIDA foi mais fácil ainda, pois a encontrou sentada sobre uma cerca sem decidir de que lado esconder-se.

E assim foi encontrando a todos.

O TALENTO entre a erva fresca, a ANGÚSTIA em uma cova escura, a MENTIRA atrás do arco-íris (mentira, estava no fundo do oceano) e até o ESQUECIMENTO, que já havia esquecido que estava brincando de esconde-esconde.

Apenas o AMOR não aparecia em nenhum local.

A LOUCURA procurou atrás de cada árvore, embaixo de cada rocha do planeta e em cima das montanhas. Quando estava a ponto de dar-se pôr vencida, encontrou um roseiral. Pegou uma forquilha e começou a mover os ramos, quando, no mesmo instante, escutou-se um doloroso grito. Os espinhos tinham ferido o AMOR nos olhos.

A LOUCURA não sabia o que fazer para desculpar-se. Chorou, rezou, implorou, pediu perdão e até prometeu ser seu guia.

Desde então, desde que pela primeira vez se brincou de esconde-esconde na Terra, o AMOR é cego e a LOUCURA sempre o acompanha."

Autor:anônimo.

terça-feira, 16 de março de 2010

Letras de música de péssimo gosto!

Olá!
Estava verificando um e-mail de uma amiga que falava sobre o mau gosto das letras de algumas músicas.
Tudo bem que gosto não se discute e o que é ruim pra mim, pode ser maravilhoso pra vc ou vice-versa; mas vamos combinar, tem letras de música em que todos são uninânimes em verificar o mau gosto, seja pela repetição, pela falta de nexo ou pela mensagem que elas trazem.
Tem tanta gente boa no mundo da música que ainda permanece no anonimato por falta de oportunidade.Compõe canções belíssimas, harmoniosas em letra e melodia e de muito bom gosto na mensagem e ainda assim, devido a concorrência do meio, permanecem anônimos, quando muito, mostrando seus trabalhos e talento cantando/tocando nos barzinhos espalhados pela cidade.Falta espaço para mostrar o que é bom, mas infelizmente sobra espaço para mostrar porcarias; principalmente quando o "artista" já está na mídia.Quem não se lembra da eguinha pocotó?
Conheço um músico, seu nome é Silvio Carvalho, de muita categoria musical que não só canta, toca e compõe extremamente bem, como é a simpatia em pessoa!De vez em quando uma ou outra rede de tv com boa seleção de programação exibe alguma coisa sobre o trabalho dele; mas na maioria das vezes só tenho mesmo oportunidade de acompanhar o seu trabalho nos bares da cidade ou festivais de música popular.
Mas atualmente me surpreendeu o mau gosto da letra da música dos Titãs, que a Globo exibe como tema de abertura da novela das seis, Cama de gato.
É lamentável que um grupo renomado, com um currículo musical tão bom esteja fazendo sucesso com uma letra de música que, pra mim, cantá-la é como se estivesse me amaldiçoando, amaldiçoando minha casa, amldiçoando tudo o que conquistei com muito trabalho.Admiro pacas o grupo!Sou fã deles mesmo!Mas essa letra de música sinceramente foi uma decepção!A vida já nos é tão difícil, tão cheia de problemas...Tem, canções que nos ajudam a relaxar, nos traz consolo, boas lembranças, que cantam o amor e amizade, mas essa dos Titãs em específico leva as pessoas a cantarem a autoderrota, a autodestruição, a aceitação de coisas muito ruins para suas vidas como se estivessem todos em uma depessão coletiva, inertes, sem reação.E o pior é que tem gente cantando sem se dar conta do que diz a letra porque a música é dos Titãns!
Por isso presto atenção ao que ouço, independente da fama ou do anonimato de quem compôs ou canta.
Vou deixar aqui a letra para que vcs analisem.Ninguém é obrigado a concordar comigo.Esta é uma opinião muito particular de uma pessoa que gosta não só de bons músicos, mas boa música e de boa letra.Como vivemos uma democracia musical, deixo a letra para que vc faça sua crítica, seja ela boa ou ruim.
Bjú!

"Vamos deixar que entrem Que invadam o seu lar
Pedir que quebrem Que acabem com seu bem-estar
Vamos pedir que quebrem O que eu construi pra mim
Que joguem lixo Que destruam o meu jardim

Eu quero o mesmo inferno A mesma cela de prisão - a falta de futuro
Eu quero a mesma humilhação - a falta de futuro

Vamos deixar que entrem Que invadam o meu quintal
Que sujem a casa E rasguem as roupas no varal
Vamos pedir que quebrem Sua sala de jantar
Que quebrem os móveis E queimem tudo o que restar
Eu quero o mesmo inferno A mesma cela de prisão - a falta de futuro
Eu quero a mesma humilhação - a falta de futuro
Eu quero o mesmo inferno A mesma cela de prisão - a falta de futuro O mesmo desespero
Vamos deixar que entrem Como uma interrogação
Até os inocentes Aqui já não tem perdão
Vamos pedir que quebrem Destruir qualquer certeza
Até o que é mesmo belo Aqui já não tem beleza
Vamos deixar que entrem E fiquem com o que você tem
Até o que é de todos Já não é de ninguém
Pedir que quebrem Mendigar pelas esquinas
Até o que é novo Já esta em ruinas
Vamos deixar que entrem Nada é como você pensa
Pedir que sentem Aos que entraram sem licença
Pedir que quebrem Que derrubem o meu muro
Atrás de tantas cercas Quem é que pode estar seguro?
Eu quero o mesmo inferno A mesma cela de prisão - a falta de futuro
Eu quero a mesma humilhação - a falta de futuro
Eu quero o mesmo inferno A mesma cela de prisão - a falta de futuro O mesmo desespero"


Tentei imaginar de onde o compositor dessa pérola tirou inspiração para compôr algo tão depressivo!

quarta-feira, 10 de março de 2010

A difícil arte de me comunicar com os meus filhos adolescentes.



Esta tb vai para o site "Anjos de prata".
Olha a carinha das figuras!
Bjú!

A difícil arte de me comunicar com meus filhos adolescentes

Estava eu aqui em um dos raros momentos de paz e silêncio do lar.Silêncio este explicado pelo fato do meu filho estar jogando futebol com os amigos e minha filha estar na casa dos avós.Aproveitei esta solidão boa para colocar algumas fotos em ordem.
Olhando as fotos mais antigas, lembrei-me de como era interessante o tempo em que eles começaram a dizer as primeiras palavras.Tinham sons que não diziam absolutamente nada com nada mas eu jurava que tinha ouvido um “mamãe” distorcido.Rsrsrsrsrs.Com o tempo foram formando frases curtas e mais algum tempo depois já conseguiam pronunciar um período inteiro.Ahhh!Quanta saudade!A suavidade da vozinha infantil, a mistura com os risos que ora vinham junto com as palavras mal pronunciadas...Tudo era uma delícia de escutar!Música para os meus ouvidos.Coisa boba que é mãe...
Curioso nessa época é que dificilmente alguém que não convivia diariamente com eles entendia o que eles queriam dizer logo assim que os ouvisse.Ás vezes era necessário que eles repetissem várias vezes para que os outros entendessem o que queriam dizer, mas eu sempre entendia tudo!Verdade!Por mais complicado que parecesse para os outros, para mim era claro como água o que eles queriam dizer.
Lembro-me que meu filho, por exemplo, chegava na casa da avó e pedia “cacoito” ou então “cacoiti”. Ela, a avó, até achava que sabia o que era mas não sabia não...Ela pensava que era tudo “biscoito” mas não era; “cacoito” sim era “qualquer biscoito” mas “cacoiti” era um tipo de biscoito bem pequenininho, daqueles que vem em saquinhos, geralmente usados para lanche escolar ou aperitivo.
Também me lembro que minha filha por volta dos seus dois anos de idade mais ou menos, ficava um período do dia com a babá.Ela era uma babá muito dedicada e gostava demais das crianças, mimava muito a menina, fazendo-lhe todas as vontades.Certa vez ela comentou comigo que minha filha todos os dias lhe pedia coca-cola.Estranhei muito porque não tinha o hábito de dar refrigerantes diatriamente para os meus filhos; geralmente tomavam sucos nas refeições, mas ela insistiu que era verdade e ainda brigou comigo dizendo que fazia questão de comprar a coca-cola porque não ia deixar a bonequinha dela aguada.Pacientemente pedi-lhe que me explicasse melhor a história.Ela então me contou que era assim: ela dava almoço para as crianças juntas, sempre com o suco acompanhando.Depois levava o menino para o colégio.No caminho de volta pra casa, a menina então pedia:”Ti Cione, ocucacóia!
Não me contive.Comecei a rir muito e só depois expliquei pra ela que não era nada disso.Ela não estava pedindo coca-cola nenhuma!”Ti Cione” na verdade era “tia Alcione” (o nome da babá) e “ocucacóia” era “ O Lucas está na escola.”Só então a babá entendeu que estava entupindo minha filha de coca-cola todos os dias desnecessariamente.Tinham outras coisas também que ela dizia muito complicadas, como “ a pupa peti”, que nada mais era do que “o pano da chupeta”.Até que alguém entendesse isso levava horas!Só eu era capaz de atendê-los em tudo porque era a única que entendia tudo o que diziam!
Pena que o tempo passa...
Depois que guardei as fotos comecei a pensar em como era fácil entendê-los quando eram ainda tão pequenos, com tanta dificuldade na pronúncia e ainda sem nenhuma instrução.
Hoje, são adolescentes, e às vezes eu vejo como é difícil entender que língua eles falam!E olha que são instruídos em bons colégios, com excelentes professores, mas ainda assim adotam uma linguagem própria de adolescentes para se comunicar que muitas vezes esbarra na minha capacidade de compreensão..
Outro dia, eu estava me arrumando para irmos todos juntos a uma festa.Levei horas no quarto escolhendo o melhor vestido, um sapato que combinasse com ele, a bolsa correta, os acessórios, enfim, queria estar bonita.Quando saí do quarto, meu filho me olhou de cima a baixo e disse:”visual sinistro mãe”!
Voltei para o quarto e troquei tudo.Quando saí, o pai dele perguntou porque eu havia trocado de roupa se estava tão bonita com a outra. “Meu filho disse que meu visual estava dando medo”.Respondi. Na mesma hora ele protestou:”Não disse nada disso!Disse que estava sinistro!”
Ao que eu retruquei:Então.Sinistro, sinônimo de pavoroso, algo que mete medo!
Até ele me explicar que na línguagem dele sinistro significava muito bacana, arrazou ou coisa parecida, eu já estava cansada demais para me trocar de novo.
Tem dias que preciso anotar o “adolescentês” que eles estão dizendo e pedir a tradução.Só assim conseguimos nos comunicar em casa, travando uma verdadeira batalha entre a Língua Portuguesa e a línguagem adolescente.Já estou até ficando boa nisso!Entendi, por exemplo, que “já é” quer dizer o mesmo que “concordo”; que “demorou” quer dizer “agora mesmo”; que “vou meter o pé” não quer dizer que eles vão chutar alguma coisa e sim o mesmo que “vou sair”; que “quatro é par” não é lição de matématica e sim que quer dizer que “ele e o amigo estão acompanhados das meninas”; que “mãe vaza” não significa que vou ter que expelir algum líquido e sim que “tenho que sair do ambiente”; que “mãe, saca só” ou “se liga só” não é um convite para jogar vôlei com eles, nem conectar nenhum aparelho na tomada, é o mesmo que “mãe, presta atenção”!
Às vezes me rebelo!Digo que não os respondo, a nenhum dos dois, até que falem comigo no Português correto!Faço greve de comunicação em prol da Língua Portuguesa e sua sublime norma culta de ser pronunciada.Como os lindinhos da mamãe precisam comer, vestir roupas limpas e principalmente precisam de dinheiro, até consigo fazer com que falem direito por um tempo.Mas é sempre só por um tempo...
A mim resta pedir: mil desculpas por eles, Paulo Freire!

domingo, 7 de março de 2010

Trapaça - Se é verdade, isso eu não sei...

Esta tb foi uma postagem minha no site "Anjos de prata" em sua atualização de nº195 de 2009, cujo tema proposto era "Trapaça".
Gostei tanto do tema que resolvi publicá-lo aqui tb.Essa história, eu nem sei é verdadeira, mas a ouvi de um policial reformado quando era ainda muito jovem.Para minha surpresa, outro dia escutei um policial da ativa contando essa mesma história mas com outro cenário e outros detalhes.Falei com ele que já tinha ouvido uma muito parecida e ele me disse que ouviu de um policial, que havia ouvido de um outro policial, que havia ouvido de um outro tb.Que interessante!Fiquei com a impressão que essa história virou lenda entre os policiais e que como toda lenda, quem conta o conto, aumenta um ponto!
Bjú!


SE É VERDADE, ISSO EU NÃO SEI...
Capitu RJ


Diz-se de um policial militar corrupto (se é verdade, isso eu não sei) e que orientava o trânsito em uma movimentada rua do Rio de janeiro na década de 80.

O tal policial de quem se fala que é corrupto (se é verdade, isso eu não sei) deveria multar motoristas que trafegavam com o veículo em condições irregulares, ou que estivessem com sua própria documentação de motorista em situação irregular, ou ainda quem dirigia sem a documentação.Mas n ão era bem assim que as coisas aconteciam...Contam que ele sempre dava um jeitinho de levar alguma vantagem extra no exercício diário do ofício.Aceitava todo tipo de proprina para liberar os motoristas infratores, desde o famoso "cafezinho" até objetos pessoais, caso o motorista pego no flagrante estivesse desprevenido.Tudo era negocíavel!

Claro que para que o "rentável negócio" desse certo, ele precisava de mais gente ajudando no esquema, pois não tinha como deixar a via e era preciso guardar bem tudo o que conseguia arrecadar durante o dia.Para tanto contava com a colaboração do jornaleiro da esquina; um senhor muito sorridente, falador, conhecedor da vizinhança, simpático e igualmente ganancioso, que a custa de ganhar parte do lucro ilegal, topou guardar tudo o que o corrupto policial conseguia faturar durante o dia de trabalho em sua banca de jornal sem levantar nenhuma suspeita do fraudulento esquema.

E o plantão do tal policial na via era uma festa!Negociava-se de tudo!Logo a notícia se espalhou entre os motoristas em situação irregular:

- Tá com documentação irregular? Amigo, não precisa se preocupar!Corta caminho pela avenida tal, que lá tem um guarda tal, que é boa praça à beça!É só deixar um café que ele te libera!

Não tem nenhum pro café ai? Sem problemas! O que você tem pra negociar com ele? O cara topa qualquer parada! Deixa qualquer coisa!Com o sujeito não tem tempo ruim! O lance funciona assim: você negocia o que tu tem com ele, ele te libera e tu deixa lá com o jornaleiro da esquina.Tem erro não!

E assim, o tal policial chegava no quartel no fim do dia cheio de sacolas.

No começo disfarçava, dava um jeitinho de esconder o ganho dos outros companheiros, saía de mansinho para não despertar a atenção dos outros, mas com o tempo as sacolas aumentaram tanto de volume e quantidade que ele não tinha mais como esconder.Para não ser pego pelos seus superiores apelou para a política da divisão.Com uma boa oratória co nseguia convencer aos demais colegas de profissão que não tinha nada demais aceitar alguns "presentes" em troca de pequenos quebra-galhos para os motoristas, afinal, o salário que ganhavam era uma miséria!Que mal podia haver em levar alguma coisa de útil pra casa? E o custo da regularização de documentos, então?Um absurdo!O governo poderia facilitar a vida de quem com sacrifício conseguiu comprar o seu veículo, mas não o fazia.O que custava dar uma forcinha? Uma mão lava a outra!Todo mundo sai ganhando!

Com esse discurso conseguia aliados para sua corrupção.É bem verdade que o silêncio dos colegas lhe custava parte do ganho, mas a fartura do negócio era tanta que nem fazia falta.Um levava o relógio que precisava para presentear um amigo, outro bombons pra namorada, outro um brinquedo para o filho, outro aceitava levar aquela maquiagem pra agradar a patroa, tinha vezes que até até frango assado pro jantar aparecia no negócio!

Mas há quem diga que todo espertalhão um dia cruza com alguém mais esperto no caminho!

Diz-se que essa história chegou até os ouvidos de um outro policial militar, lotado em outro batalhão muito distante daquele.As más línguas afirmam que esse outro policial era tão malandro, mas tão malandro, que sua malandragem consistia exatamente em não ter trabalho nenhum para faturar o seu ganho extra. Sua estratégia era espiar como os colegas faziam para tirar proveito dos outros e tomar o lucro deles na trapaça mesmo!

O cara se informava direitinho de cada passo do negócio.Depois ia conferir de perto se funcionava mesmo mas tomando cuidado para não ser notado.Observava, observava, observava e depois de muito certo que poderia tomar na malandragem o ganho pra si, arquiteva um plano e colocava em ação.Com o nosso amigo corrupto não foi diferente.O trapaceiro colega de profissão o observou em ação durante alguns dias sem ser notado.Obeservou também o esquema com o sorridente jornaleiro e tão logo pôde, entrou em ação!Se certificou que era o plantão do corrupto e passou com o seu carro em péssimas condições de uso, dirá de documentão!Claro, foi parado e apresentando identidade civil, se fez de coitado.

- Pôxa, amigo, dá uma força ai!

O outro se fez de difícil:

- Sinto muito companheiro, mas seu carro parece mais uma banheira!E o documento então?Fica difícil assim!Sinto muito mas vou ter que multar...

O trapaceiro fazendo cena:

- Pôxa, amigo! Sei que voce é camarada e vai dar um jeitinho da gente conversar!Posso deixar uma cerveja...faz um calorão aqui nesse Rio de janeiro...Tenho também uns salgadinhos aqui que são para a festa de aniversário da minha sogra.Tenho certeza que ela não se incomodará se eu deixar uns de presente para tão nobre policial.Vê que cheirosos estão, ó!

O corrupto logo começou a ceder, mas ainda se fazendo de difícil:

- É...pode ser...vou quebrar seu galho dessa vez, mas só dessa vez!Vê se acerta sua situação, rapaz!Faz o seguinte: vai até aque la banca de jornal alí da esquina e deixa tudo com o "corôa" que tá lá.

- Pôxa, companheiro, valeu mesmo!É pra deixar tudo com ele?Posso ir depois?

- Pode, pode sim!Deixa lá!

O trapaceiro foi até a banca e dirigiu-se ao jornaleiro com a seguinte conversa:

- Boa tarde, amigo!

- Boa!

- Eu sou colega de profissão do nosso amigo aquida pista e estou por dentro do esquema do esquema.Ele pediu que eu retirasse tudo pra ele e levasse para um lugar seguro hoje porque o "bicho tá pegando" no quartel.Tá aqui minha identificação ó.Seja discreto, não deixa ninguém perceber nada.

O jornaleiro fez uma cara meio desconfiada e o trapaceiro logo tratou de confirmar o que dizia:

- Olha só, vou assoviar pra ele olhar pra cá e confirmar a parada com o senhor.

Assoviou bem alto e quando o policial corrupto olhou ele perguntou ainda mais alto:

- É tudo? Tudo mesmo?

Distraído com o movimento do trânsito e pensando que o trapaceitro estava em dúvida sobre deixar t udo o que havim combinado, ele acenou positivamente com o polegar e gritou:

-É tudo!Tudo mesmo!

O jornaleiro entendeu que estava liberado o negócio e entregou todo o ganho do dia.E olha que dizem que não era pouca coisa não!Tinha fartura de beijouterias, enlatados, feira da semana completa, roupas e tudo que se pode arrecadar no trânsito louco do Rio de janeiro!

No fim do dia, o corrupto foi até o jornaleiro para dividir o lucro como de costume e somente aí perceberam que haviam caído e um golpe.

Dizem que o caso do policial corrupto trapaceado pelo colega de profissão correu por todos os quartéis do Rio de janeiro, e que envergonhado com o fato ele pediu mudança de posto, até que acabou seus dias de policial fazendo serviços burocráticos no quartel, para onde fora mandado após ser reabilitado depois de uma estranha depressão.

E o trapaceiro?

Ah, esse virou lenda!

Sua identidade nunca foi confirmada.Há quem diga que ele distribuiu o ganho do corrupto e m uma comunidade carente da região e virou um ícone entre os policiais honestos de todos os quartéis, mas se é verdade, já isso eu não sei...

sábado, 6 de março de 2010

É preciso acreditar, senão nem vale a pena tentar...

Salve, salve!
Queridos, hoje eu estou especialmente feliz!Sempre batalhei muito, estudei muito para chegar onde cheguei, mas sempre acreditei que poderia ir além...Vc pode até pensar que é ambição.Sim.Tavez seja, mas um tipo de ambição que me impulsiona a ir mais longe por meus próprios méritos, sem prejudicar a ninguém que esteja tentando chegar a um objetivo tb.Uma ambição positiva.
Pensando dessa forma, tracei o objetivo de passar em um concurso público.Eu sabia que por sempre ter estudado em escolas públicas, por já estar fora da escola há muito tempo e por não ter concluído a faculdade por falta de recursos financeiros, eu estava em visível desvantagem.Ao invés de desanimar, isso tudo só serviu para aumentar ainda mais o meu esforço.Não tinha a faculdade mas tinha a internete, que me abria uma imensa opção de adquirir conhecimento pesquisando nos lugares certos.Ao invés de gastar tempo logada com superficialidades, pesquisava tudo que era realmente interessante, que me acrescentasse alguma coisa e fui adquirindo mais conhecimento geral, aprendendo mais de cultura geral.
Quando não tinha matéria do concurso para estudar e faltava dinheiro para comprar apostilas, baixava no computar, imprimia e tratava de entendê-las sozinha.
Por causa disso tb, tomei gosto por estudar a Constiuição Federal e há anos é um dos meus livros de cabeceira.
E comecei uma maratona rumo ao meu objetivo!
Passei em alguns, reprovei em outros, passei e não classifiquei em muitos outros mas nunca desisti de continuar tentando.
A relação candidato-vaga é algo que não me impressiona.Aliás, nem a consulto.Pra mim fazer isso é como tortura psicológica e gerador de desânimo pra muita gente.Penso sempre que estou estudando para uma vaga, então não me importa quantos tb estão brigando por ela; enquanto alguns perdem tempo discutindo isso, eu simplesmente me dedico para alcançá-la.E foi assim que passei em 4º lugar para a Prefeitura do Rio, concorrendo a 19 vagas somente e com mais de trinta mil pessoas.Comemorei, empossei no cargo, dei o meu melhor nele, tive reconhecimento e hoje tenho uma chefia, um cargo comissionado.Ainda assim continuei estudando.Dessa vez meu objetivo era passar em um concurso no âmbito Federal.Fiz vários!Alguns na esfera estadual tb.
No fim do ano passado fiz um concurso para o Detran do Rio de janeiro.Não dispunha de muito tempo para estudar por causa do excesso de trabalho na SMSDC e os afazeres de casa.Dividir o tempo de profissional, dona-de-casa e mãe não é nada fácil, tendo que estudar então, fica ainda mais complicado,mas pouco tempo com qualidade de tempo é muito válido, e foi isso que eu fiz, disponibilizei qualidade de estudo ao pouco tempo que tinha para estudar e...passei!
Já cansada de tudo, fiz um balanço dos últimos dez anos de concursos e vi que passei em não me classifiquei em quatro Federais, três estaduais e mais um municipal.Pensei:"Chega!Vou parar!" Não tenho mais o mesmo pique, mesmo amando a estudar a Constituição.O que tiver que dar algum resultado ainda, vai dar.E deu!
Ontem à noite quando cheguei em casa não percebi que meu filho havia deixado uma correspondência na escada.Estava tão cansada que passei por ela sem ver.Só bem mais tarde quando fui fechar a casa para dormir é que vi o envelope.Quando o abri quase desmaiei de tanta emoção!Era uma convocação do Ministério da Saúde para um concurso que fiz há quatro anos atrás e já não esperava mais ser chamada!
Ser concocada já é emocionante mas ser convocada aos 44 do segundo tempo é ainda mais gostoso!!!
Acordei os meus filhos e comemoramos muito!Lembrei-os que vale muito a pena estudar, seja com quais recursos forem!
Vale a pena acreditar nos objetivos!Vale pena lutar por eles!Sempre a vale a pena tentar!
Bjú!!!!!!!!!

quinta-feira, 4 de março de 2010

Quem foi que quebrou afinal?


Olá!!!!
Esse texto é de minha autoria.Faz parte da 193ªatualização do site "Anjos de prata", voltado para escritores anônimos e cujo tema proposto era:"O que foi que eu fiz?"
Pensando no tema, lembrei desse fato, que realmente aconteceu quando eu ainda era adolescente e fazia parte de uma turma de ginásio tão unida que até hoje se encontra para um churras de vez em quando.
Segue abaixo o texto e ao lado uma foto de parte daquela galera que estudava junta, ria junta, chorava junta e aprontava muuuito junta tb!
Bjú!


QUEM FOI QUE QUEBROU AFINAL?
Capitu RJ


Aquela minha turma da oitava série era mesmo muito unida.A maioria de nós já estudava junto desde os primeiros anos do ginásio, com poucas carinhas novas no grupo.A modesta escola municipal era a única do bairro onde morávamos.Ali aprendiam juntos crianças pobres das comunidades carentes do local e crianças de classe média, mas entre nós não haviam menos ou mais favorecidos sociais.Éramos todos tão amigos que nos tratávamos e nos protegíamos como uma única família.
Aconteceu de uma professora nossa de matemática entrar de licença médica no fim do terceiro bimentre, e a professora substituta pegou cisma com um colega do grupo.Dizia que ele tinha um riso debochado.O coitado não podia mais rir na sala de aula que ela já dava uma tremenda bronca nele, ou o colocava pra fora de sala.Ele até era debochado mesmo mas no caso da professora em questão era pura implicância.
O fato é que tal implicância rendeu ao pobre duas advertências por escrito.Mais uma e ele estaria suspenso das aulas por uns quinze dias no mínimo.Logo agora que o decisivo quarto bimestre se aproximava...Sonhávamos com a formatura, com a turma toda passando de ano, colando grau juntos...Ninguém poderia ficar para trás.Por isso nos esforçávamos uns pelos outros para que todos aprendessem.Quem entendia mais de certa matéria ensinava aos que não entediam e vice-versa.O importante era que todos passássemos.
Por conta desse propósito, conversamos com nosso colega para que evitasse mais problemas na escola.Mesmo ele estando certo, procurasse não criar caso e evitar a suspensão.Ele não gostou muito de ter que baixar a cabeça estando inocente na situação, mas entendeu que o único prejudicado estava sendo ele mesmo e começou a se esforçar muito para não arranajar mais problemas.
Mas numa tarde tivemos dois tempos vagos seguidos e para passar o tempo fomos jogar vôlei na quadra.Por puro azar, nosso colega bateu um pouco mais forte na bola e ela foi direto em direção ao vidro da janela da cozinha.Não teve como evitar...o vidro espatifou-se!Foi uma gritaria e um tremendo core-corre no cômodo atingido!
Na mesma hora a diretora nos colocou em fila no pátio e perguntou quem foi que quebrou o vidro.
Ela era muito rígida e não iria dar refresco pro nosso colega.Ele seria suspenso.Mas foi sem querer!Ele não teve a intenção!Então decidimos ficar todos calados e ninguém entregou quem foi.Quando ela perguntava a algum de nós, respondíamos:
-Desculpe, Diretora, eu não vi.
Irritada, ela decidiu que ficaríamos alí, de pé no sol até aparecer o culpado.
Minutos depois já sentíamos as primeiras consequências do castigo...O sol esquentava nossas cabeças, suávamos,tínhamos sede.Mas mantínhamos nosso pacto de silêncio.
Mais alguns minutos e eu já sentia minhas pernas doerem.Todos sentiam.Mas o pacto de silêncio continuava.
A Diretora andava de uma lado para o outro.Imponente.De lá pra cá, daqui pra lá.Não se intimidava com nosso silêncio, nem demonstrava o menor sinal de que iria ceder...De lá pra cá, daqui pra lá, de lá pra cá, daqui pra lá...
De repente olho para uma colega na fila, quase ao meu lado.Ela era loura, muito branquinha e seu rosto já estava ruborizado pelo calor.Transpirava muito, seus olhinhos estavam caídos, mas estava segurando firme o castigo.Tive pena dela...semblantes similares se repetiam em outros rostos amigos...Foi me dando uma agonia...minhas pernas começavama ficar dormentes e num ímpeto gritei:
- Tudo bem Diretora!Fui eu!
Saí da fila e caminhei em sua direção.Ela me mediu com os olhos de cima a baixo.Continuei:
- Não tive a intenção de quebrar o vidro, mas fui eu quem acertei a bola.
Porém, antes que ela dissesse qualquer coisa, meu colega, o verdadeiro responsável pelo ocorrido saiu da fila dizendo:
- Não é verdade, senhora Diretora!Fui eu quem quebrou o vidro!
Falava ele ainda quando outro colega se apresentou:
- Também não é verdade Diretora!Quem quebrou o vidro fui eu!
Para minha surpresa, todos os colegas de classe foram se apresentando uma a um como culpados pelo vidro quebrado.
Ainda mais irritada e visivelmente irada a Diretora começou aos berros exigir que parássemos com aquilo e que o verdadeiro culpado ou culpados se apresentassem.
Não adiantou nada.Quanto mais ela berrava, mais culpados se apresentavam, deixando-a completamente confusa:
- Fui eu!
- Fui eu!
- Mentira, fui eu!
Por fim a monitora do ginásio, uma senhora mais velha e mais ponderada, se aproximou dela e a acalmou dizendo que éramos apenas crianças.Advertiu-a que o castigo que ela estava nos impondo era desumano e acabou por constrangê-la ao dizer que estávamos alí há quase duas horas dando uma lição de união e companheirismo da qual ela muitas vezes sentia falta no núcleo diretor adulto da escola.
Aborrecida, a Diretora nos dispensou advertindo que convocaria uma reunião de pais para falar sobre o prejúízo causado.
Já faz anos que isso aconteceu.
Hoje essa turma já está toda adulta, a maioria casada e ainda nos encontramos uma vez ao ano para um belo churrasco de confraternização.Nesses encontros falamos sobre tantas coisas, tantas lembranças, e no último encontro alguém lembrou desse episódio, relatando aos nossos filhos o quanto eu fui corajosa e o quanto a turma permaneceu unida até o fim.Mas eu na volta pra casa vim relembrado sozinha o fato e fiquei pensando comigo mesma, vale tudo para preservar amigos verdadeiros, mas olhando bem de um outro ângulo, em outro tempo, o que foi que eu fiz!

quarta-feira, 3 de março de 2010

Árvore genealógica - de Luiz Fernando Veríssimo.

Olá!
Achei muito interessante este texto do Luiz Fernando Veríssimo e o escolhi para ser minha primeira postagem neste Blog.Talvez pq ele seja tão atual quanto eu.Achei a minha cara:divertido, diferente e que dá assunto!Espero que gostem tb!
Bjú!


Árvore Genealógica

- Luiz Fernando Veríssimo

Mãe, vou casar!

Jura, meu filho ?! Estou tão feliz ! Quem é a moça?
Não é moça. Vou casar com um moço. O nome dele é Murilo.
Você falou Murilo... Ou foi meu cérebro que sofreu um pequeno surto psicótico?
Eu falei Murilo. Por que, mãe? Tá acontecendo alguma coisa?
Nada, não... Só minha visão que está um pouco turva. E meu coração, que talvez dê uma parada. No mais, tá tudo ótimo.
Se você tiver algum problema em relação a isto, melhor falar logo...
Problema ? Problema nenhum. Só pensei que algum dia ia ter uma nora... Ou isso.
Você vai ter uma nora. Só que uma nora... Meio macho. Ou um genro meio fêmea. Resumindo: uma nora quase macho, tendendo a um genro quase fêmea...
E quando eu vou conhecer o meu... â... minha... o Murilo?
Pode chamar ele de Biscoito. É o apelido.
Tá ! Biscoito... Já gostei dele... Alguém com esse apelido só pode ser uma pessoa bacana.
Quando o Biscoito vem aqui ?
Por quê ?
Por nada. Só pra eu poder desacordar seu pai com antecedência.
Você acha que o Papai não vai aceitar?
Claro que vai aceitar! Lógico que vai. Só não sei se ele vai sobreviver.... Mas isso também é uma bobagem. Ele morre sabendo que você achou sua cara-metade.
E olha que espetáculo: as duas metades com bigode.
Mãe, que besteira .... Hoje em dia ... Praticamente todos os meus amigos são gays.
Só espero que tenha sobrado algum que não seja... Pra poder apresentar pra tua irmã.
A Bel já tá namorando.
A Bel? Namorando ?! Ela não me falou nada.... Quem é?
Uma tal de Veruska.
Como ? Veruska... Ah !, bom! Que susto! Pensei que você tivesse falado Veruska.
Mãe!!!....
Tá.., tá...., tudo bem... Se vocês são felizes. Só fico triste porque não vou ter um neto...
Por que não ? Eu e o Biscoito queremos dois filhos... Eu vou doar os espermatozóides.
E a ex-namorada do Biscoito vai doar os óvulos.
Ex-namorada? O Biscoito tem ex-namorada?
Quando ele era hétero... A Veruska.
Que Veruska?
Namorada da Bel...
"Peraí". A ex-namorada do teu atual namorado... É a atual namorada da tua irmã. Que é minha filha também... Que se chama Bel. É isso? Porque eu me perdi um pouco...
É isso. Pois é... A Veruska doou os óvulos. E nós vamos alugar um útero.
De quem ?
Da Bel.
Mas... Logo da Bel ?! Quer dizer então... Que a Bel vai gerar um filho teu e do Biscoito. Com o teu espermatozóide e com o óvulo da namorada dela, que é a Veruska.
Isso.
Essa criança, de uma certa forma, vai ser tua filha, filha do Biscoito, filha da Veruska e filha da Bel.
Em termos... A criança vai ter duas mães : você e o Biscoito. Dois pais: a Veruska e a Bel.
Por aí...
Por outro lado, a Bel..., além de mãe, é tia... Ou tio... Porque é tua irmã.
Exato. E ano que vem vamos ter um segundo filho. Aí o Biscoito é que entra com o espermatozóide. Que dessa vez vai ser gerado no ventre da Veruska... Com o óvulo da Bel. A gente só vai trocar.
Só trocar, né ? Agora o óvulo vai ser da Bel. E o ventre da Veruska.
Exato!
Agora eu entendi ! Agora eu realmente entendi...
Entendeu o quê?
Entendi que é uma espécie de swing dos tempos modernos!
Que swing, mãe ?!!...
É swing, sim ! Uma troca de casais... Com os óvulos e os espermatozóides, uma hora no útero de uma, outra hora no útero de outra...
Mas...
Mas uns tomates! Isso é um bacanal de última geração!
E pior... Com incesto no meio...
A Bel e a Veruska só vão ajudar na concepção do nosso filho, só isso...
Sei !!!...
E quando elas quiserem ter filhos... Nós ajudamos.
Quer saber ?
No final das contas não entendi mais nada.
Não entendi quem vai ser mãe de quem, quem vai ser pai de quem, de quem vai ser o útero, o espermatozóide...
A única coisa que eu entendi é que... Que...?
Fazer árvore genealógica daqui pra frente... vai ser foda.