quarta-feira, 6 de março de 2013

EROS & PSIQUE

Olá pessoas!!!!! 
 Reconheço que fiquei muito tempo afastada desse nosso pequeno espaço literário por motivos que hoje não vem ao caso, mas depois de algumas cobrança por parte dos amantes da literatura geral, de alguns amigos e de muita saudade, aqui estou eu de volta!Disposta a compartilhar tudo que possa nos enriquecer de alguma forma enquanto seres humanos!
 E para brindar esse retorno escolhi um texto clássico de Fernando Pessoa que gosto muito e adoraria debatê-lo com vocês. Quantos de nós não temos fantasias sobre nós mesmos ou sobre outras pessoas que nem nos damos conta que fogem a realidade de tão real que nos parecem? Quem nunca fantasiou um amor de forma tão intensa que não lhe pareceu retribuído ainda que não fosse?
Quem nunca achou que um olhar, que para muitos era apenas um olhar, o olhar mais interessado em sua pessoa do mundo? 
Quem nunca sonhou com um PARA SEMPRE que só existiu pra si? 
Enfim ,há tantas situações em que cabe uma psique em nossas vidas que devanear sobre elas talvez me custe uma noite inteira! 
E quem disse que psique necessariamente tenha que ser uma pessoa? A psique é sua!Seja ela o ue que você quiser! 
Abraços carinhosos! 
 By Capitu, eu.


EROS & PSIQUE.
Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
 A quem só despertaria
 Um Infante, que viria.
 De além do muro da estrada.
 Ele tinha que, tentado,
 Vencer o mal e o bem,
 Antes que, já libertado,
 Deixasse o caminho errado
 Por o que à Princesa vem.
 A Princesa Adormecida,
 Se espera, dormindo espera,
 Sonha em morte a sua vida,
 E orna-lhe a fronte esquecida,
 Verde, uma grinalda de hera.
 Longe o Infante, esforçado,
 Sem saber que intuito tem,
 Rompe o caminho fadado,
 Ele dela é ignorado,
 Ela para ele é ninguém
 Mas cada um cumpre o Destino
 Ela dormindo encantada,
 Ele buscando-a sem tino
 Pelo processo divino
 Que faz existir a estrada
. E, se bem que seja obscuro
 Tudo pela estrada fora,
 E falso, ele vem seguro,
 E vencendo estrada e muro,
 Chega onde em sono ela mora,
 E, inda tonto do que houvera,
 À cabeça, em maresia,
 Ergue a mão, e encontra hera,
 E vê que ele mesmo era
 A Princesa que dormia.

 Fernando Pessoa