Casa arrumada!
Olá, pessoas!
Estava lendo esse texto da autoria de Carlos Drummond de Andrade e parei para refletir.
A maioria de nós tende a pensar que os homens não reparam na arrumação de uma casa e que , ao contrário, só tendem a repará-las quando estão sujas ou desarrumadas! Mas esse texto foi escrito por um homem! Está certo que não foi por um homem qualquer...ele era um poeta, talvez alguns de vocês digam, sim, mas um poeta homem! O que nos dá a entender que reparam sim!
Porém o que mais me chamou a atenção no texto é justamente o comentário que ele faz daquilo que nós temos certeza que os homens reparam em uma casa: a desarrumação e os defeitos na construção.
Para o poeta lençóis revirados era sinal de gente namorando a qualquer hora do dia, ou brincando despreocupadamente sobre eles!
Fogão gasto era sinal de fogão usado em casa onde comida não faltava!
Piso arranhado não era desleixo de mulher que deveria estar toda semana encerando-os, era sinal de festa! De gente dançando sobre eles!
Livros fora da prateleira era sinal de alguém se interessando por conhecimento, buscando-o, aprendendo!
A questão não é se reparamos ou não na desordem mas o que essa desordem significa para quem repara nelas.
Quisera nós todas as pessoas independente do sexo, se homem ou mulher, pudessem olhar para a aparente dessarrumação de uma casa com outros olhos, de uma vida com outros olhos...
Haveriam os que concordassem com o poeta em tudo!
Talvez alguns de nós pense: Mas isso só acontece na cabeça dos poetas! Dos utópicos!
Não!
Isso pode e deve acontecer na minha, na sua cabeça!
Nao precisamos nem esperar que os outros reparem na aparente desordem da nossa casa para explicar que nela tem gente vivendo e se mexendo o tempo todo.
Ou na aparente desordem da nossa vida para explicar que nela também tem gente circulando, entrando e saindo.
Aliás não precisamos esperar nem explicar nada pra ninguém!
O importante desse texto é que ele me chamou a atenção de como eu devo ver a aparente desordem da minha casa e da minha vida! De que eu saiba o que se passa nelas sem a obrigação de justficá-las a ninguém! Mas se me perguntarem, poder responder sem medo do constrangimento!
Continuarei sim me esforçando para manter minha casa arrumada e limpa, mas se por acaso eu chegar e ver os lençóis das camas desarrumados vou lembrar que meus filhos descansaram de mais um dia de aula, ou do futebol ou de qualquer outra coisa que os tenha cansado nelas.E é lícito!Estavam cuidando do seu futuro, ou do seu lazer, estavam vivendo!
Se vir pratos sujos deixados na pia, antes de dar um "pity" porque não foram lavados e na casa não tem empregada, vou primeiro lembrar de agradecer a Deus porque comida na casa não faltou!
Pra cada desordem notada e necessitando ser arrumada, vou lembrar que não vivo só!
Que gente entra e sai da minha casa.Circulam por ela! Amigos dos meus filhos adolescentes tão bagunceiros quanto eles, uma peculiaridade da adolescência.
Meus amigos que vieram me ver porque tenho alguma importância pra eles, porque gostamos de estar na companhia uns dos outros, ou porque precisaram de mim pra alguma coisa ou eu deles; não importa! Estivemos juntos e os rastros disso fcou registrado!
Assim também quero que meus olhos vejam a aparente dessarrumação da minha vida!
Ainda que eu sempre tenha que arrumar depois, ajeitar daqui ou dalí, pôr alguma coisa no lugar, quer tenha tido ajuda pra isso, quer não, pessoas passaram por ela.
Algumas fizeram bagunça, outras deixaram na intocada sendo tocantes, e ainda outras viraram-na de cabeça para baixo! Mas nunca estive nem vivi só!
Espero que gostem do texto e que faça em você alguma diferença, como fez em mim, do modo ver as coisas. De ver a aparente organização ou desorganização do lugar onde vivemos, e de como vivemos a própria vida em si.
Mega bjú!!!
Cleide Capitu
CASA ARRUMADA
(Carlos Drummond de Andrade)
Casa arrumada é assim:
Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação
e uma boa entrada de luz.
Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um cenário de novela.
Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os móveis, afofando as almofadas.
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo:
Aqui tem vida.
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras e os enfeites brincam de trocar de lugar.
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso,
pelo abuso das refeições fartas,
que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
Sofá sem mancha?
Tapete sem fio puxado?
Mesa sem marca de copo?
Tá na cara que é casa sem festa.
E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.
Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.
Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante, passaporte e vela de aniversário, tudo junto.
Casa com vida é aquela em que a gente entra
e se sente bem-vinda.
A que está sempre pronta pros amigos, filhos, netos, pros vizinhos.
E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca ou namora a qualquer hora do dia.
Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.
Arrume a sua casa todos os dias.
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela.
E reconhecer nela o seu lugar.
sexta-feira, 12 de agosto de 2011
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Olá, Cap!
ResponderExcluirCarlos descreveu de forma simplista o que talvez ele tenha visto. E é isso que falta na maioria das pessoas. Olhar para as coisas, pessoas, vida etc. com mais simplicidade e sem o pré-julgar, julgar ou olhar com a superficialidade da pressa cotidiana.
Melhor do que olhar uma casa (ou "casa") desarrumada, é olhar para o "seu" interior e arrumar o caos que lá se encontra. Talvez isso ajude aos "olheiros depreciativos" a enxergarem as coisas com mais leveza e significância digna.
E vc, Amora, como sempre, nos saboreando com suas palavras. =D
Como vc mesma escreve...
Um mega bjú!!!!!
S2 S2 S2
Pá!
PS: Tentei usar a conta do Gmail e não deu certo. Tive que reescrever tudo outra vez.
Eu e o grande amor da minha vida, os poemas de Carlos Drumond de Anadrade, sempre vivemos em harmonia.
ResponderExcluirNão sei se por eles terem os olhos e Chico Buarque e,
às vezes dançarem ao som dessa música feminina até maldita.
Drummond ensinou-me tanta coisa boa:
Viajar através de um quadro na parede;
manter a casa arrumada;
que iambos e hiatos medem, sim uma paixão!
Foi ele quem me guiou pelas impurezas do branco sem que me perdesse;
Usei a bolsa amarela sem constrangimento.
Os poemas de Drummond, meu verdadeiro mas não único amor...
Jamais se enciumou das vezes que provei o doce Bandeira,
nunca se aborreceu quando bebi Vinícius feito cachaça
nem mesmo quando o abandonei para longas prosas com Clarice.
Por tanto me permitir dividir, ficou aqui em mim inexorável.
Em nenhum tempo, os poemas do meu grande amor Drummond,
enciumaram-se com as cantadas de Buarque!
Até fazia dele nossa trilha musical.
Vivemos felizes todos na casa que ele ensinou-me arrumar
para que vivessemos todos, assim repletos de melodias nos ouvidos, emoções nos coração e muitos poemas na cabeça.
(Rozzi Brasil)
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirPá!!!!
ResponderExcluirAmôra é sempre bom ver a maneira como vc se expressa a respeito das coisas polêmicas. Sim, digo polêmica nesse caso de arrumação porque para algumas pessoas a arrumação aparente é tão mais importante do que a arrumação real que causa polêmica discordar delas! Ainda que elas próprias saibam que sua postura não passa de hipocrisia! E se essa postura for para defender uma posição social, religiosa ou cargo então, nem se fala! Para elas vai valer tudo para "manter as aparências".
Eu, como vc, prefiro olhar com os olhos da simplicidade. Já nem digo mais a casa do outro(porque não moro com ele para saber o porque de sua casa ser assim ou assim e também porque não me diz respeito) mas a vida do outro...Tá feliz vivendo assim? Que bom! Então viva e conte comigo pois amo viver!
Super bjú!!!!!!!!
Rozzi!!!!
ResponderExcluirMinha escritora preferida!!!
Que bom vê-la aqui!
Certamente quem não aprendeu nada com Drummond simplesmente não o leu! Talvez até tenha dado uma "passada de olhos" em seus textos, mas ler não leu; não o sentiu, não viajou com suas palavras, ficou estático...não alcançou o cheiro de um perfume ou a beleza de uma pessoa que ele tenha descrito, não foi capaz de poder imaginar a textura do que ele descreveu ter tocado.Não, não leu...passou os olhos e perdeu a oportunidade de ascrescentar algo de grande valor a sua existência.
Que bom que vc o leu! E o releu! E leu de novo!
Que bom que ele não só te ensinou a arrumar a casa mas a viver dentro dessa arrumação! Ensinou a mim também e foi além: me ensinou a arrumar a minha vida e viver feliz com a arrumação que eu faço dela!
Super bjú!
Pois é, Cap...
ResponderExcluirMuita gente esquece que "seu" teto é de vidro e mesmo assim atira pedra no teto alheio. Muitos dizem prezar a moral e os bons costumes, então que morram entalados com todos eles! Pessoas assim são os piores tipos "humanos". Pessoas assim são incapazes de discutir problemas, mas preferem fingir que nada acontece e que tudo está bem.
Espero que na próxima encarnação - caso haja mesmo - eu não venha em forma humana (ou não venhamais). Nossa raça não vale nada!
Beijokas...
Palloka