sexta-feira, 16 de setembro de 2011
Um pouco de "cultura inútil" pode ser "muito útil"!
Olá amados e amadas!
Estava me sentindo um pouco sem inspiração para escrever esses dias. Algumas vezes acontece...passo dias cercada, cheia de inspiração e motivos para escrever sem parar, uma idéia surge atrás da outra como aguá jorrando da fonte; já outras vezes acontece de passar dias com muita vontade de escrever mas sem inspiração para algo que eu considere interessante. E esses dias estava assim, sem inspiração, até que aconteceu um fato que me despertou o interesse para a chamada "cultura inútil".
Chovia muito no Rio de janeiro nesta manhã de quarta-feira.
Eu estava a caminho do trabalho para cumprir meu plantão, muito cedo, mas as ruas já estavam alagadas e o engafarramente no trânsito foi inevitável. Logo com o ônibus cheio e parado, os passageiros começaram a buscar alternativas para passar o tempo. Alguns ouviam música com os fones dos celulares ao ouvido, outros liam, outros dormiam, e outros tentavam dormir impedidos pelo bate-papo de outros passageiros sentados próximos.Esse era o meu caso. Eu bem que queria tirar um cochilinho, mas a conversa entre as duas senhoras sentadas à minha frente me impedia.E foi justamente dessa conversa que ouvi algo que me levou a pensar em outras coisas que gerou a inspiração para este texto.
Uma senhora perguntou a outra se já tinha ido ver um bebê que nascera, certamente de alguém conhecido de ambas, ao que outra respondeu:
- Fui sim. Nossa é a cara do pai! "Escarrado e cuspido"!Caramba! Imediatamente fiquei enjoada...
Sempre que escuto alguém usar erroneamente esta expressão fico enjoada! Imagine um bebê cheio de escarro e cuspe!Arrrgh!!!!
Que vontade que dá de corrigir e explicar a pessoa que o diz, que é "Em carrara escupida"!
Claro, que educadamente permaneci calada, até porque a conversa não era comigo, mas que deu vontade, ah, isso deu!
Logo me desliguei da conversa das senhoras e comecei a pensar sobre as expressões ditas de modo errado e que muitas vezes são repassadas do mesmo modo por aí. Ou sobre coisas que ouvimos as pessoas dizerem, repetimos e nem sempre sabemos o significado delas, apenas se repetem o que os outros dizem, se encaixam em diálogos por encaixarem, sem saber se faz ou não algum sentido.
Tenho o hábito, quase sempre motivado pela curiosidade, de pesquisar sobre tudo o que ouço e me chama a atenção. E foi assim que acumulei alguma cultura que para algumas coisas pessoas pode ser chamada de "cultura inútil", pois não fará diferença saber ou não ou que significa, sua origem, se faz ou não sentido citá-las em determinada conversa etc,etc,etc...
Mas como para mim nenhum tipo de cultura se despreza, vou compartilhar um pouco do que sei sobre determinadas expressões e ditos populares que ouvimos por aí.
Vamos primeiro as que são ditas de um modo e na verdade o ditado é outro:
"Escarrada e cuspida", que algumas pessoas usam para dizer que alguém é muito parecido com outro, na verdade se diz "Em carrara esculpida".
Carrara é um tipo de pedra mármore, onde os artistas esculpiam suas obras. O termo quando usado se referindo a alguém não traduzia a semelhança desta pessoa com outra mas sim fazia alusão a sua beleza, devido a qualidade que a carrara acescentava as obras.
Batatinha quando nasce se esparrama pelo chão...
O correto é "Batatinha quando nasce espalha a rama pelo chão..."
"Parece que tem bicho carpinteiro"...Na verdade, se dizia de alguém que não pára quieto >:"Parece que tem bicho pelo corpo inteiro!" "
"Cor de burro quando foge", usando para falar de uma cor desconhecida.
O correto é >"Corro de burro quando foge" e nada tem a ver com cores, era usado para se dizer que estava correndo de confusão ou de gente briguenta, que gosta de armar confusões.
"Quem tem boca vai a Roma", usado para indicar que perguntando se chega ao destino que quiser; o correto é >>"Quem tem boca vaia Roma", do verbo vaiar.Isso mesmo!E era usado para demosntrar que as pessoas não concordavam com o modo como Roma se posicionava na antiguidade, especialmente em relação aos abusos da santa inquisição, época em que a igreja estava acima do alto clero.
"Quem não tem cão, caça com gato", usado para justificar uma substituição quando não se tem o recomendado, mas o correto é >>"Quem não tem cão, caça como gato" ou seja, sozinho.
Tem ainda aquelas expressões que ouvimos ou falamos mas desconhecemos a origem, a história delas.É sempre bom saber, justamente para saber se convém empregá-las.
Erro crasso
Significado: Erro grosseiro.
Origem: Na Roma antiga havia o Triunvirato: o poder dos generais era dividido por três pessoas. No primeiro destes Triunviratos , tínhamos: Caio Júlio, Pompeu Magnus e Marco Licinius Crasso . Este último foi incumbido de atacar um pequeno povo chamado Partos. Confiante na vitória, resolveu abandonar todas as formações e técnicas romanas e simplesmente atacar. Ainda por cima, escolheu um caminho estreito e de pouca visibilidade. Os partos, mesmo em menor número, conseguiram vencer os romanos, sendo o general que liderava as tropas um dos primeiros a cair.
Desde então, sempre que alguém tem tudo para acertar, mas comete um erro estúpido, dizemos tratar-se de um "erro crasso ".
Coisas do arco-da-velha
Significado: Coisas inacreditáveis, absurdas, espantosas, inverosímeis.
Origem: A expressão tem origem no Antigo Testamento; arco-da-velha é o arco-íris, ou arco-celeste, e foi o sinal do pacto que Deus fez com Noé: "Estando o arco nas nuvens, Eu ao vê-lo recordar-Me-ei da aliança eterna concluída entre Deus e todos os seres vivos de toda a espécie que há na terra." (Génesis 9:16)
Arco-da-velha é uma simplificação de Arco da Lei Velha, uma referência à Lei Divina.
Há também diversas histórias populares que defendem outra origem da expressão, como a da existência de uma velha no arco-íris, sendo a curvatura do arco a curvatura das costas provocada pela velhice, ou devido a uma das propriedades mágicas do arco-íris - beber a água num lugar e enviá-la para outro, pelo que velha poderá ter vindo do italiano bere (beber).
Lágrimas de crocodilo
Significado: Choro fingido.
Origem: O crocodilo, quando ingere um alimento, faz forte pressão contra o céu da boca, comprimindo as glândulas lacrimais. Assim, ele chora enquanto devora a vítima.
Afogar o ganso
Significado: Relação sexual; masturbação.
Origem: No passado, os chineses costumavam satisfazer as suas necessidades sexuais com gansos. Pouco antes de ejacularem, os homens afundavam a cabeça da ave na água, para poderem sentir os espasmos anais da vítima.
Mal e porcamente
Significado: Muito mal; de modo muito imperfeito.
Origem: «Inicialmente, a expressão era "mal e parcamente". Quem fazia alguma coisa assim, agia mal e eficientemente, com parcos (poucos) recursos.
Como parcamente não era palavra de amplo conhecimento, o uso popular tratou de substituí-la por outra, parecida, bastante conhecida e adequada ao que se pretendia dizer. E ficou " mal e porcamente", sob protesto suíno.»1
Fila indiana
Significado: enfiada de pessoas ou coisas dispostas uma após outra.
Origem: Forma de caminhar dos índios da América que, deste modo, tapavam as pegadas dos que iam na frente.
Andar à toa
Significado: Andar sem destino, despreocupado, passando o tempo.
Origem: Toa é a corda com que uma embarcação reboca a outra. Um navio que está "à toa" é o que não tem leme nem rumo, indo para onde o navio que o reboca determinar.
O pior cego é o que não quer ver
Significado: Diz-se da pessoa que não quer ver o que está bem na sua frente. Nega-se a ver a verdade.
Histórico: Em 1647, em Nimes, na França, na universidade local, o doutor Vicent de Paul D’Argenrt fez o primeiro transplante de córnea em um aldeão de nome Angel. Foi um sucesso da medicina da época, menos para Angel, que assim que passou a enxergar ficou horrorizado com o mundo que via. Disse que o
mundo que ele imaginava era muito melhor. Pediu ao cirurgião que arrancasse seus olhos. O caso foi acabar no tribunal de Paris e no Vaticano. Angel ganhou a causa e entrou para a história como o cego que não quis ver.
Casa de mãe Joana
Significado: Onde vale tudo, todo mundo pode entrar, mandar, etc.
Histórico: Esta vem da Itália. Joana, rainha de Nápoles e condessa de Provença (1326-1382), liberou os bordéis em Avignon, onde estava refugiada, e mandou escrever nos estatutos: “que tenha uma porta por onde todos entrarão”. O lugar ficou conhecido como Paço de Mãe Joana, em Portugal. Ao vir para o
Brasil a expressão vivou “Casa da Mãe Joana”. A outra expressão envolvendo Mãe Joana, um tanto chula, tem a mesma origem, naturalmente.
Onde judas perdeu as botas
Significado: Lugar longe, distante, inacessível.
Histórico: Como todos sabem, depois de trair Jesus e receber 30 dinheiros, Judas caiu em depressão e culpa, vindo a se suicidar enforcando-se numa árvore. Acontece que ele se matou sem as botas. E os 30 dinheiros não foram encontrados com ele. Logo os soldados partiram em busca das botas de Judas,
onde, provavelmente, estaria o dinheiro. A história é omissa daí pra frente. Nunca saberemos se acharam ou não as botas e o dinheiro. Mas a expressão atravessou vinte séculos.
Da pá virada
Significado: Um sujeito da pá virada pode tanto ser um aventureiro corajoso como um vadio.
Histórico: Mas a origem da palavra é em relação ao instrumento, a pá. Quando a pá está virada para baixo, voltada para o solo, está inútil, abandonada decorrentemente pelo homem vagabundo, irresponsável, parasita. Hoje em dia, o sujeito da “pá virada”, parece-me, tem outro sentido. Ele é o “bom”. O significado das expressões mudam muito no Brasil com o passar do tempo.
nhenhenhém
Significado: Conversa interminável em tom de lamúria, irritante, monótona. Resmungo, rezinga.
Histórico: Nheë, em tupi, quer dizer falar. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, eles não entendiam aquela falação estranha e diziam que os portugueses ficavam a dizer “nhen-nhen-nhen”.
Não entender patavina
Significado: Não saber nada sobre determinado assunto. Nada mesmo.
Histórico: Tito Lívio, natural de Patavium (hoje Pádova, na Itália), usava um latim horroroso, originário de sua região. Nem todos entendiam. Daí surgiu o Patavinismo, que originariamente significava não entender Tito Lívio, não entender patavina.
Tem ainda algumas perguntas que parecem absurdas, ou feitas para tolos, ou para zoar alguém, por parecer que a resposta já está embutida na prórpia pergunta; mas não é bem assim...
Vejamos:
Quanto tempo durou a Guerra dos 100 anos?
Onde é fabricado o famoso Chapéu Panamá?
Em que mês se comemora a Revolução de outubro?
Qual o primeiro nome do Rei George VI?
As Ilhas Canárias tem seu nome tirado de que bicho?
Qual era a cor do cavalo Branco de Napoleão?
Respondendo:
A Guerra dos 100 anos durou 116 anos de 1337 a 1453.
O Chapéu Panamá é fabricado no Equador.
A Revolução de Outubro é comemorada em Novembro.
O Primeiro Nome do Rei George Vl era " Albert".Em 1936 ele atendeu a um desejo da Rainha Vitória,de que nenhum outro Rei se chamaria Albert e mudou de nome.
As Ilhas Canárias tem seu nome tirado do Cachorro.O nome latino é "Insulario Canaria",que em Latim significa Ilha dos Cachorros.
O cavalo de Napoleão se chamava Branco e a sua cor era o Baio (Bege)
Então, é isso!
Eu não posso chamar de inútil alguma coisa que tenha me acrescentado conhecimento ou informação, mas cada um classifica como quiser.
Deixo aberto o espaço para que você, leitor, acrescente alguma coisa, significado ou origem de palavras, ditados ou expressões das quais tenha conhecimento e que não estejam relatadas nessa postagem. Também fique à vontade para perguntar sobre alguma curiosidade que tenha, se eu souber respondo, se não souber, pesquiso e tento responder.
Espero que essa pequena gama de informação te tenha sido útil de alguma forma!Rsrsrs!
Aguardo seu comentário!
Bjú!
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