terça-feira, 26 de abril de 2011

Caapitú / Capitolina / Capitu


Olá, pessoas!
Estava aqui pensando como o codinome que escolhi enquanto escritora rende "pano-pra-manga" nas rodas de conversas.
Pensei muito e pesquisei muito também antes de finalmente escolher o nome com o qual eu assinaria minhas postagens pelo tempo que meu bom Deus assim o permitir! Queria mesmo que fosse um nome forte, que causasse impacto ao ser lido, pronunciado, que tivesse uma bagagem interessante em seu conteúdo e, claro, que combinasse comigo.
Capitu foi uma escolha perfeita!
É bem verdade que sou fã assumida de Machado de Assis, apaixonada por toda sua obra e fascinada pela personagem Capitu criada por ele em Dom Casmurro, mas ao contrário do que muita gente pensa não foi daí que surgiu a inspiração para a escolha do codinome que orgulhosamente uso, mas sim do nome de uma planta rara da flora brasileira, Caapitu, cuja características me lembra (e muito!)minha própria personalidade.
Porém o que mais me chama atenção quando cito o meu nome Capitu, é a quantidade de vezes em que a maioria das pessoas logo se lembram de uma outra Capitu; a personagem criada pelo autor de novelas Manoel Carlos. Não que a personagem não mereça ser lembrada, até porque a mesma fora criada com intenção de homenagear o escritor Machado de Assis e "sua Capitu", mas me intriga o quanto grande parte das pessoas são tendenciosas a se lembrarem da mais pobre de conteúdo das Capitus que conheço, alguns até fazendo maldosamente alusão a profissão de prostituta que o autor Manoel Carlos deu a sua Capitu (que para exercer o ofício usava o codinome Carla, codinome esse que ficou esquecido) e se quer mencionando a riqueza da intrigante Capitu de Machado de Assis, e ainda não demonstrando nenhum conhecimernto da existência da Caapitú, planta de origem indígena brasileira. Tudo bem que querer que todos conheçam uma planta tão rara da flora brasileira, ou pensar que os que conhecem ou já ouviram falar do Limão-bravo saibam que seu nome original em Tupi-Guarani é Caapitú seria demais, mas daí a só ter na memória somente um personagem de novela das oito toda vez que se fala o nome Capitu, também acho muito pouco...
Como contribuição à cultura geral resolvi esclarecer um pouco quem é quem nessas ricas Capitus que conheço. Vamos as apresentações:

Caapitú ( Siparuna guianensis):Planta de origem indígena da família das Monimiaceae. Também conhecida como caapitiú, limão-bravo, cicatrizante-das-guianas.
Propriedades medicinais: calmante, diurético, peitoral, tônico, vasodilatador.
Indicações: cólica ventosa, dispepsia, espasmo doloroso, febre, gases , reumatismo.
Essa árvore é extremamente espinhenta e chega a medir 16 metros de altura. Possui folhas simples e um tronco que gira em torno de 50 a 70 centímetros de diâmetro.
O limbo é amplo, lanceolado-oblongo, agudo ou estreitamente acuminado, de base arredondada e às vezes mais ou menos cordada e geralmente bastante atenuada. As folhas frescas possuem cheiro aromático, agradável, semelhante a do limão e da erva cidreira combinados; seu sabor é aromático e um tanto amargo.

Capitolina:
Capitolina ou Capitu é uma instigante personagem do livro Dom Casmurro de Machado de Assis. Mulher de personalidade forte e envolvente, Capitu deixou na literatura brasileira a marca de seus olhos profundos e inexplicáveis: "olhos de cigana oblíqua e dissimulada" ou "olhos de ressaca", conforme relata o marido ciumento, Bento Santiago, o "Dom Casmurro".
"Essa Capitu" representa as múltiplas facetas e o fascínio da mulher brasileira.

Capitu ou Carla:
Personagem vivida por Giovana Antonelli na novela Laços de família da autoria de Manoel Carlos, exibida na Rede Globo no ano 2000. Seu nome foi dado por seu pai,um intelectual aposentado que trabalha como revisor de livros, em uma explícita homenagem ao trabalho do escritor clássico Machado de Assis. A personagem mora com o pai, a mãe humilde costureira e um filho que cria sem pai, além de abrigar em casa uma colega de faculdade e profissão, sua única confidente.É universitária e para manter a faculdade e o filho trabalha como garota de programa de luxo e utiliza o codinome Carla para exercer o ofício.

Como vêem, o que essas três Capitus e eu mesma enquanto Capitu temos em comum além da pronúncia similar do nome , é o fato de sermos brasileiras e termos cada uma sua própria história para contar ou ser contada.
Conheço ainda uma quarta Capitu, também escritora, que também utiliza um blog para divulgar o seu trabalho. É por respeito a ela que assino Capitu-rj, pois ela é a Capitu de um outro estado do Brasil. Seus escritos são maravilhosos! Ela escreve especialmente para um grupo específico de pessoas, ainda seleto e infelizmente discriminado, embora venha conquistando respeito e espaço na sociedade em geral. Não nos conhecemos pessoalmente, só pelas redes sociais mas com certeza a dmiração pelo trabalho uma da outra é recíproca!
Também posso afirmar que tenho algo em comum com as Capitus que conheço.
Com algumas menos, com outras mais e percebi isso na medida em que fui conhecendo um pouco de cada uma delas.
Com a Capitu de um outro estado do Brasil, tenho em comum o fato de sermos escritoras brasileiras, a sensibilidade e a paixão demonstrada em cada trabalho, em cada texto escrito e o carinho e cuidado atribuído a eles como a um filho gerado; o que a bem da verdade não deixa de ser...cada trabalho desenvolvido é mesmo como um filho.
Com a Capitu/Carla criada por Manoel Carlos em Laços de família, tenho em comum o lado batalhador da personagem em busca de um diploma e de cumprir a tarefa de criar um filho. Não que eu concorde com a forma que a personagem optou para cumprir isso, mas quem sou eu para julgar as milhares de mulheres que ela representa? Afinal não temos todos os nossos segredos? Outra coisa que tenho em comum com essa personagem é o lado amigo. Ela abriga uma amiga em sua casa, dormindo no seu próprio quarto. Meus amigos sabem que jamais deixaria nenhum deles na rua.Sempre teve um cantinho na minha casa para cada um que precisou e continua tendo.Não importa que tipo de vida levem. São meus amigos! Faço por eles o que sei que fariam por mim.
Com a Capitu/Capitolina de Machado de Assis tenho em comum a força de expressão. Ela falava com os olhos e cabia a quem olhasse dentro deles acreditar ou não na afirmativa que apresentavam. A personagem dispensava as palavras, enquanto eu abuso do direito de usá-las. Talvez no caso dela por viver em uma época em que as mulheres tinham pouca força de voz, então já que não adiantava falar com os lábios, melhor aceitar e tentar convencer com os olhos. Já eu me expresso com liberdade de todas as formas que me é permitido expressar; mas uma semelhança é fato,nos expressamos como podemos.
Já com a Caapitú planta tenho muito em comum! Somos da mesma origem indígena, temos características únicas, que ninguém mais tem. Uma aparência própria, um cheiro próprio, um sabor próprio...A quem consiga chegar bem perto para tocar, sentir o cheiro mas antes terá que passar pelos espinhos.O sabor pode ter um conceito geral de amargo por todos, mas será doce para quem se esmerou em provar dele.
Ah, quisera eu ter o poder de cura dela! Não haveriam doentes a minha volta, nenhum tipo deles! Mas sou só humana...no máximo ajudo a aliviar dores, mas como humana também posso ser responsável pela causa delas, ainda que não seja esse o meu intento, faz parte do fato de ser humana...
Agora já sabem que se eu pudesse ter escolhido o meu próprio nome, Capitu seria ele!
Bem, finalmente espero que falando um pouco do que conheço de "Capitu", fazer com que as pessoas tenham um leque maior de assuntos, uma gama de conhecimento mais ampla para inserir em suas conversas cada vez que me ouvirem falar:"sou escritora e nesse meio me conhecem por Capitu. Muito prazer!

By Capitu-rj