segunda-feira, 5 de julho de 2010

Toda forma de intolerância é burra...


Alexandre Thomé Ivo Rajão 1996 – 2010

Amados,
Esta postagem é quase um desabafo!
Quem não acompanhou estarrecido o assassinato do jovem Alexandre Rajão, de apens 14 anos, nos últimos dias? Não só pela ampla divulgação da mídia sobre o caso mas pelo motivo torpe que motivou tamanha covardia:a intolerância.
O que não deveria ser tolerado pela sociedade é que crimes tão brutais como este caiam no esquecimento e que as pessoas se achem no direito de perseguir, humilhar, violentar fisica e moralmente, matar e muitas outras atrocidades em nome de uma convicção doentia, convicção de que as escolhas dos outros os tornam menores, inferiores, não merecedores de respeito, sem direito a vida.
Recebi a cópia da reportagem de uma amiga comentada por um cidadão anônimo que ousou expressar alí toda sua indignação.Lendo-a moveu-se todo o meu íntimo.Quase pude sentir a mesma dor que a mãe deste jovem com certeza está sentindo...Pude sentir a mesma dor do desreipeito a vida do outro que aquele anônimo descreveu.
Tb sou mãe de um jovem apenas um ano mais velho que Alexandre Rajão.Meu filho ama futebol.Seria justo que alguém que não concordasse com o seu gosto resolvesse perseguí-lo por isto?
Ao longo dos anos temos visto inúmeros casos de pessoas perseguidas por suas escolhas pessoais e até por coisas que independem das suas escolhas, mas condições em que nasceram e não tem o poder de mudar, tipo a cor da sua pele, por exemplo.
Pessoas são perseguidas, humilhadas, ultrajadas por serem negras, brancas, índias ou outra cor ou raça, como se fossem menos seres humanos que as outras por causa disso.
A quem foi dado o direito de dizer que esta ou aquela cor ou raça é superior ou inferior?
Acaso, desfazendo-se a embalagem o contúdo não é tudo igual?
Nossos órgãos internos não são todos exatamente iguais?Não tem todos a mesma função dentro do organismo?
Pessoas são perseguidas por escolherem uma religião e segui-la.
Não somos obrigados a concordar com a escolha religiosa do outro mas temos o dever cristão de respeitar essa escolha.
Acredito sim que neste caso, em se falando de religião, haverá um dia do grande julgamento, onde compareceremos todos ao tribunal de Deus, o justo juiz e diante d´Ele nos responsabilizaremos por nossos atos e escolhas feitas aqui na terra.Mas o que contece é que alguns resolveram tomar o lugar de Deus como juiz nisso e já estabelereceram este juízo aqui embaixo mesmo.Julgam, excluem, humilham, escarnecem do outro como se estes tb não fossem imagem e semelhança deste mesmo Deus do qual se dizem servos e obedientes mas que nem de longe suas atitudes lembram o amor incondicional que Ele pregou.
Pessoas são excluídas e humilhadas todos os dias por sua condição social.Estas muitas vezes determinam onde se pode ou não pode entrar.Dividem sociedade, formam guetos.
Pessoas são ridicularizadas por sua opção (ou condição) sexual.Desreipeitadas, perseguidas, como se esta opção estivesse acima de todo o conjunto que forma o seu ser.Seja ele cidadão de bem, honesto, trabalhador...não importa.Parece que tudo de bom que ele tenha a oferecer a sociedade enquanto cidadão e participante dela perde o valor pelo simples fato da sua orientação sexual não ser a mesma de todos.
Basta de intolerância!
Basta de desrepeito!
Talvez este grito seja solitário mas se alguém gritar junto já não estarei só.
Abaixo segue uma cópia da reportagem.
Divulgue, ore, concientize,passe a diante, faça o que estiver ao seu alcance mas não seja indiferente.A normose contamina e precisamos reagir.
Bjú!

Capitu.

alexandre thomé ivo rajão 1996 – 2010
O grito extravasou em euforia, alegria e celebração! Gol! Alexandre e amigos comemoravam a vitória do Brasil no jogo contra a Costa do Marfim pela Copa do Mundo da África do Sul, como muitos outros garotos de 14 anos faziam em São Gonçalo e no país inteiro após aquele jogo. Diferente da maioria desses jovens, no entanto, Alê era… Alê era um bom aluno na escola, um adolescente tranquilo e que até participava de atividades em uma igreja, o que nos deixa com uma imagem bem afinada ao que as pessoas entendem como um bom jovem. Ah, Alê também era consciente da necessidade da luta diária contra a homofobia. Isso, convenhamos, é uma qualidade raríssima em garotos de sua idade, e alinha a imagem de Alê a um bom jovem exemplar para muitos gays, sendo ele próprio gay ou não, o que não vem ao caso.

Na ocasião da festa de comemoração, um outro grupo de amigos envolveu-se com o de Alê em uma briga. Alê e seus amigos então foram à 72ª Delegacia de Polícia, em São Gonçalo, para registrar uma queixa por agressão. Eles retornaram à festa após isso, e, por volta das 2:30, Alê esperava um ônibus, no bairro do Mutuá, para voltar para sua casa, quando foi visto vivo pela última vez.

Os fatos são que às 10h da manhã de segunda, dia 21/06/2010, seu corpo foi encontrado em um terreno baldio no Jd. Califórnia, com sinais de espancamento, tortura e estrangulamento, e o IML informou também que sua morte se deu por volta das 4h, o que nos permite concluir que Alexandre sofreu por pelo menos 1 hora e meia nas mãos daqueles que o mataram. Segundo ligações ao disque-denúncia, um veículo branco foi visto no local do sequestro, e segundo amigos de Alê, o mesmo carro teria rondado o cemitério durante o enterro. Os amigos de Alê relatam também que os jovens desse grupo rival pertenciam a um grupo de “skinheads”, com a prática de usar redes sociais para propagar mensagens de intolerância.

Mas isso são os fatos. Esses dados serão matéria de investigações da polícia, e, com alguma esperança, das mídias que tiverem vontade de denunciar esse grave quadro de violência e homofobia. Sim, homofobia, que independe de Alê ser gay, hétero ou bi ou não saber isso ainda, já que o que assombra essa história é a motivação intolerante do crime. Os fatos e dados não racionalizam as lágrimas sentidas da mãe de Alê, que me comoveram no vídeo da reportagem. Eles não dão conta de expressar também a angústia, os olhos cheios de lágrimas e a garganta apertada que me tomaram, por exemplo, quando vi as mensagens dos amigos de Alê no Orkut, ou o texto que ele usava em seu perfil, extraído do discurso de Pedro Bial no BBB 10 pela eliminação do participante Serginho. Esse discurso, aplicado ao jovem Alê, se resignifica e me assassina de dor:

É Peter Pan, a criança que não cresceu e sabe voar. Quer aprender? Quer voar? Pense numa coisa boa, pense numa coisa bem boa. É só pensar em coisa boa que a gente voa. Pense numa coisa bem linda, que você nem viu ainda. Num raio de luar, que você vai voar Peter Pan, sombra na parede da caverna de Capitão Gancho. Travessura? Espectro? Imagem só? Será? Não é possível. É ele… Pan… Está lá? Lá? Ele está? De que lado ele está? É só pensar em coisa boa que a gente voa. Se pensar em coisa ruim? Bom! Pode até chegar ao fim!